A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita é lançada no Parlamento Brasileiro em meio a ameaças graves às liberdades democráticas e a tentativa de volta da censura, tais como recentes casos envolvendo o veto a uma exposição de charges na Câmara dos Vereadores no RS, a retirada de livros didáticos que abordam gênero em São Paulo e a recente tentativa de censura ocorrida durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro – quando a administração municipal, apoiada pelo Tribunal do Justiça do Estado, se empenhou numa caçada risível e hipócrita aos exemplares do livro “Vingadores: A Cruzada das Crianças”.
Os mecanismos de retrocesso agem de maneira sórdida. Em tese, o que teria motivado a decisão do prefeito do Rio de Janeiro de recolher exemplares do livro teria sido uma imagem da história em quadrinhos que mostra um beijo entre dois super-heróis homens. Na realidade, a estratégia subjacente era testar o limite de aceitação de uma política que representa ação repressora contra a comunidade LGBTI. A censura repercutiu e, por fim, o STF interveio anulando a decisão do TJ-RJ que a autorizava.
A tentativa de censura, no entanto, vai além disso: ela é mais um movimento no sentido de tornar o Brasil refém de um pensamento político difuso, reacionário, ultrapassado. Todos os momentos autoritários na história da humanidade foram marcados pela perseguição às artes, a leitura, a escrita. Não podemos silenciar diante desta tentativa autoritária no nosso tempo.
No sentido da resistência, o episódio provocou uma intensa movimentação que resultou, primeiramente, na bem-sucedida venda de todos os exemplares disponíveis da obra, e, logo depois, uma reação política da sociedade civil organizada, que se manifestou em diversas partes do país e, claro, nas redes sociais.
Esta Frente está sendo lançada junto com esse manifesto contra a censura. Conclamos a tod@s a organizar um amplo movimento social e político no sentido de reafirmar em alto e bom som #CENSURANUNCAMAIS