Os novos indícios de que houve envolvimento direto do presidente da República, Jair Bolsonaro, no esquema ilegal de entrega de salários de assessores no período em que ele exerceu consecutivos mandatos de deputado federal (de 1991 a 2018) – divulgados nesta segunda-feira (05) em reportagem especial do site UOL – servirão de base de uma representação protocolada pelo PSOL na Procuradoria Geral da República (PGR).
A bancada do partido na Câmara também vai reforçar a coleta de assinaturas para o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que havia protocolado ainda em março, para investigar as denúncias de desvio de dinheiro e pagamentos ilícitos ao presidente da República, Jair Bolsonaro, ao vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, e ao senador da República Flávio Bolsonaro, seus filhos, no esquema que ficou conhecido como “rachadinha”.
A fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, afirma que Bolsonaro demitiu o irmão dela porque ele se recusou a devolver a maior parte do salário como assessor.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, diz Andrea em áudio divulgado pelo UOL.
A reportagem do UOL também mostra que, dentro da família Queiroz, Jair Bolsonaro é o verdadeiro “01.” Em troca de mensagens de áudio, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, chamam Jair Bolsonaro de “01”. Márcia afirma que o presidente “não vai deixar” Queiroz voltar a atuar como antes.
Outra reportagem também descreve como recolher salários não era uma tarefa exclusiva de Fabrício Queiroz. A ex-cunhada do presidente diz que um coronel da reserva do Exército, ex-colega do presidente na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), atuou no recolhimento de salários da ex-cunhada de Jair Bolsonaro, no período em que ela constava como assessora do antigo gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).