A Presidência da República respondeu nesta quarta-feira (30 de junho) o pedido de informação realizado pelas deputadas do PSOL Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP) sobre os gastos do presidente Jair Bolsonaro em viagem realizada ao Rio de Janeiro no dia 23 de maio para participar de uma manifestação com motocicletas. O órgão se negou a entregar as informações alegando que estão sob sigilo pela segurança do presidente. As deputadas não aceitam a resposta e irão recorrer da decisão.
Na resposta encaminhada às deputadas, a presidência se limitou a dizer que foram empregados todos os recursos necessários para garantir a segurança do mandatário e que não divulga números sobre a operação. Sobre os custos, especificamente, alega que não é possível responder pelo fato de que as prestações de contas estariam disponíveis apenas a partir do dia 1º de julho, um dia depois da entrega da resposta. Já sobre os protocolos sanitários de prevenção à covid-19, respondeu que foram seguidos por todos os servidores. O órgão informou também que não houve convocação do presidente para a atividade, e, como não foi organizada pelo governo, não tem como responder sobre os objetivos dela.
“O desprezo do governo pela transparência atravessa o campo da ética e chega na ilegalidade. Nossas suspeitas de que essa viagem foi paga com dinheiro público ficam ainda mais fortes. Pretendemos interpelar Bolsonaro judicialmente exigindo que devolva os recursos. Não é cabível que um presidente utilize avião da FAB e toda a estrutura de aparelho de Estado para ir numa manifestação protofascista e evidentemente de caráter eleitoral. Que os grupos políticos dele paguem por isso, não o povo brasileiro, que passa fome enquanto passamos das 518 mil mortes por covid”, afirma Fernanda.
Em maio, as deputadas também enviaram ofícios questionando o Ministério da Justiça, o estado e o município do Rio de Janeiro sobre o valor total gasto com a operação para garantir a segurança do presidente Bolsonaro.
De acordo com informações publicadas na imprensa, o custo da viagem pode passar os R$ 500 mil. Pela lei, os requerimentos apresentados pelas deputadas devem ser obrigatoriamente respondidos pelos governos.