Por Afro Guga*
Desde o último dia 25 de maio, as ruas norte americanas, as redes sociais e diversas partes do mundo, estão sendo tomados pela expressão “Black Lives Matter” , em protesto ao brutal assassinato de George Floyd, afro-americano de 46 anos, morto depois que o policial branco Derek Chauvin se ajoelhou no pescoço dele por pelo menos sete minutos (torturantes sete minutos!!) enquanto Floyd estava algemado e deitado de bruços alegando que não conseguia respirar – “Eu não consigo respirar!…”. O assassinato ocorreu na cidade de Mineapolis, no estado de Minessota, na presença de outros policiais e civis, fazendo com que o agonizante vídeo de George algemado e deitado de bruços com o joelho do policial no pescoço (pare tudo e imagine a situação) viralizasse rapidamente fazendo o “Black Lives Matter” literalmente entrar em erupção pelos EUA.
O que é o “Black Lives Matter”? É um movimento ativista internacional, criado nas comunidades afro-americanas, com o objetivo de protestar contra as violências policiais que atingem as pessoas negras. Traduzindo a expressão temos: “Vidas Negras Importam”, um verdadeiro Ato Político de resistência e denúncia do racismo institucional como lógica operacional nas policias norte-americanas e demais condições econômicas, sociais e políticas que oprimem os negros dos EUA.
O BLM foi criado em julho de 2013 por três ativistas negras: Alicia Garza, diretora da National Domestic Workers Alliance (Aliança nacional de trabalhadoras domésticas), Patrisse Cullors, diretora da Coalition to End Sheriff Violence in Los Angeles (Coligação contra a violência policial em Los Angeles) e Opal Tometi, ativista pelos direitos dos imigrantes. O Movimento surge na luta contra a violência policial e o assassinato dos jovens negros pelas mãos da polícia estadunidense, como foram os casos de Trayvon Martin, Erik Garner e Mike Brown, protagonizado pela liderança das mulheres negras, mães, irmãs, filhas, mulheres lutadoras. Leia e escute os nomes e sobrenomes, afinal são vidas!
Desde a época de Martin Luther King, ativista político estadunidense que se tornou a figura mais proeminente e líder do movimento de direitos civis nos Estados Unidos de 1955 até seu assassinato em 1968, o país não presenciara algo dessa magnitude.
Agora pare tudo! Pessoas negras tendo a violência policial direcionada para seus corpos e sendo assassinadas, lembra algo? Você acertou, estou falando de Brasil! Quantas vezes você parou para ouvir essas notícias, olhar ou escutar os movimentos negros aqui no Brasil? Quantas vezes você achou “normal” esses tipos de violências contra a população negra no Brasil? Se você ainda considera normal, está na hora de acordar!
Talvez, agora que o movimento BLM explodiu de uma forma gigantesca e com toda revolta (legítima!) de mais de 400 anos de escravização de afro-americanos, o mesmo começou a chamar atenção não pela sua causa principal, que é denunciar as políticas racistas e genocidas de extermínios das pessoas negras, mas pela proporção e tensão que os atos estão rumando, sem falar na forma que estão sendo midiatizados.
Malcom-X (assassinado em 1965) outro grande líder dos movimentos negros norte-americanos e um dos maiores defensores do Nacionalismo Negro nos Estados Unidos, com a Organização para a Unidade Afro-Americana ( de cunho separatista) nos alertava para a importância da imprensa nesse contexto, pois as pessoas que estão sendo oprimidas podem vir a ser odiadas e os agentes opressores glorificados, dependendo dos enquadramentos que você ver e dos discursos que você ouvir. Por esse motivo eu lhes convoco novamente a parar uns minutos suas atividades, olhar e escutar com atenção todas essas vozes negras do fundo de suas almas, com muita parcimônia e contextualização, pois estamos gritando há muito tempo ( aqui e lá): VIDAS NEGRAS IMPORTAM! Ah! Não esqueça de reagir, a luta contra o racismo é internacional!!
*militante PSOL/ Santa Maria