*escrito por Fernanda Melchionna, deputada federal do PSOL/RS
A luta dos estudantes nos dias 15 e 30 de maio foram verdadeiros tsunamis em defesa da Educação Pública, que mostraram a força do movimento estudantil organizado frente às tentativas do governo de difamar e destruir as universidades e instituições federais de ensino. Às vésperas de junho, mais de 1 milhão de jovens ocuparam as ruas de mais de 200 cidades brasileiras – o que mostra que a juventude é a ponta de lança da oposição a este governo obscurantista, fanático e autoritário. No Rio Grande do Sul, os jovens foram verdadeiros guarda-chuvas da resistência.
Mas agora é necessário pensar os próximos passos. O que os estudantes mostraram é que o próximo capítulo dessa batalha, necessariamente, seguirá sendo nas ruas e que a disputa pelas opiniões do povo é preciso ser prioridade.
Uma das maiores lições que o último pleito eleitoral nos deu, com pessoas montando bancas nas ruas e praças para virar votos dos indecisos, foi a necessidade de conversarmos para além de nossas bolhas e mostrar que a realidade está muito além de grupos do WhatsApp. É o momento de subvertermos os muros da academia e das escolas para engajar à luta a maior parte dos brasileiros, que já reconhecem a qualidade das universidades públicas e entendem que o futuro do Brasil depende diretamente dos investimentos em Educação. É preciso também aliar essa luta contra as demais investidas anti-povo do governo Bolsonaro, que acelera na Câmara dos Deputados a votação do projeto nefasto da Reforma da Previdência que quer acabar com a aposentadoria de milhões de brasileiros.
Argumentos contrários ao governo não nos faltam. É impossível tratar com seriedade um Ministro da Educação que por si só é tudo o que uma boa educação precisa evitar. É visível a ignorância de um alto gestor que confunde kafta, um prato árabe, com Kafka, um escritor reconhecido, que erra contas básicas de matemática e que trata os brasileiros como ignorantes ao usar chocolates e um ridículo guarda-chuva para contar mentiras aos brasileiros. E, pior, um ministro que comete crimes de responsabilidade grotescos, como incitar a população a denunciar professores de coação a estudantes sem provas.
O desfecho de tamanha falta de habilidade política é a revolta ainda maior de quem é ofendido gratuitamente e precisa lidar com problemas cotidianos de estrutura precária, corte de bolsas e cerceamento à liberdade de expressão. Essa é uma mistura explosiva que está se mostrando uma definidora dos rumos, colocando em xeque a própria continuidade do governo.
Abraham Weintraub é um Ricardo Vélez piorado, que deveria seguir o exemplo de seu antecessor e sair pela porta dos fundos em silêncio, voltando para o limbo da irrelevância acadêmica e profissional que sempre esteve. A paralisia do ministro da Educação de Bolsonaro é o verdadeiro andar pra frente.
Portanto, precisamos apoiar a luta dos estudantes e estimular que cada escola, centro acadêmico, diretório central dos estudantes se torne um verdadeiro “espaço de resistência e luta pela Educação Pública de Qualidade”. O ministro sabe do grande potencial de luta dentro das instituições públicas, por isso empreende uma política de intimidação de estudantes, professores e técnico-administrativos, atacando a fonte do pensamento crítico.
Não há melhor forma de lidar com um governo do absurdo que a ironia, a poesia e a mobilização permanente. Como dizem as ruas, “bora lutar e estudar, porque de burro já basta o Presidente”.