A TAP/ME, empresa aérea portuguesa, responsável pela manutenção e engenharia dos aviões da TAP no Brasil, da Azul Linhas Aéreas e diversas outras companhias demitiu, nos últimos 12 meses, praticamente 1/3 dos trabalhadores com a justificativa de que é necessário redimensionar o quadro de funcionários para que a empresa possa sobreviver. A história é clássica: proteger a lucratividade da empresa em detrimento do direito ao trabalho dos funcionários que dependem do emprego para sustentar suas famílias.
Os aeroviários são trabalhadores que exercem funções gerais em empresas de transporte aéreo, por exemplo os mecânicos. “O objetivo das demissões é a substituição dos atuais trabalhadores por uma mão-de-obra mais barata, através da terceirização. E a consequência disso é, além do desemprego em meio à uma brutal crise econômica, a insegurança dos usuários do transporte aeroviário. Eles demitem profissionais com anos de experiência e passam a suprir as vagas com funcionários temporários com remunerações menores e menos direitos. A terceirização, que é lucrativa para a empresa, põe em risco a qualidade dos serviços realizados e que significa, na prática, um risco para a segurança e a vida das pessoas”, aponta a vereadora Fernanda Melchionna.
A terceirização dos serviços de infraestrutura, provedoria, ferramentaria e estação de tratamento na aviação corrobora com uma lógica privatista e ainda contribui negativamente com a fragmentação da classe trabalhadora, impedindo sua atuação coletiva para a melhoria de suas condições de trabalho e de vida. Há indícios de que outros setores fundamentais à segurança aeronáutica também sejam terceirizados, já que desde 2017 a nova legislação permite a terceirização em todas as áreas (atividade-fim e atividade-meio) das empresas. “O resultado de tudo isso é a superexeploração do trabalho e o rebaixamento global dos salários, pois com menos emprego os trabalhadores acabam se submetendo a piores condições. É trabalhar mais para ganhar menos”, aponta Fernanda.
Além disso, a venda de 80% do setor comercial de aviação da Embraer à norte-americana Boeing por 3,8 bilhões de dólares é um outro ponto de retrocesso nas políticas aeroviárias brasileiras, avalizado pelo desgoverno Temer. As negociações com a Boeing colocam em risco a soberania nacional e uma quantidade gigantesca de empregos no Brasil. Com as demissões, que acontecem desde o ano passado, anos de desenvolvimento tecnológicos, conhecimentos e conquista de mercado são entregues de mãos beijadas aos acionistas norte-americanos.