A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) realizou, na última terça-feira (17), uma audiência pública na Câmara dos Deputados para tratar do processo democrático de destituição do reitor interventor Ricardo Bulhões da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nome menos votado da lista tríplice, Bulhões foi nomeado por Bolsonaro em 2020. Desde então, a comunidade acadêmica da UFRGS luta pela sua destituição.
A mesa da audiência foi composta por Tamyres Filgueira, representante do Sindicato dos Técnico-administrativos em Educação da UFRGS, UFCSPA e IFRS (ASSUFRGS); Matheus Fonseca, do DCE UFRGS; Ana Boff, do Sindicato Intermunicipal de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (ADUFRGS-Sindical); Loiva Isabel Marques Chansis, da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA); Jennifer Susan Webb, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Nível Superior (ANDES); Patrícia Reuillard, da Comissão especial paritária de acompanhamento
dos processos protocolados no Ministério da Educação (MEC) e no Ministério Público (MP); e do representante do Ministério da Educação, Fernando Antonio dos Santos Matos, gerente de Projetos da Secretaria de Educação Superior (SESu).
Mesmo encabeçando a chapa menos votada da lista tríplice, Bulhões foi nomeado reitor para a gestão 2020-2024. Desde então, o Conselho Universitário da UFRGS já aprovou sua destituição duas vezes. O primeiro processo, movido durante o governo Bolsonaro, foi arquivado. Já o segundo, foi aprovado no final do ano passado, já no governo Lula. A cobrança da comunidade é para que o Ministério da Educação cumpra a decisão do Conselho.
“Aqui o MEC não é juiz para dizer se a decisão do Conselho procede ou não, ele tem que acatar o que a comunidade escolar decidiu pela base da autonomia, que está no regimento da UFRGS. Estamos em abril de 2024 e a universidade segue sendo comandada por alguém que persegue os estudantes, os técnicos administrativos, que não dialoga. É inadmissível. Queremos ver a nossa universidade respirando liberdades democráticas, e que a UFRGS seja um caso emblemático para outras universidades”, afirmou Fernanda Melchionna.
A representante da ASSUFRGS, Tamyres Filgueira, lembrou que a UFRGS não é um caso isolado nas universidades federais. “Faz parte de uma articulação da extrema direita para que interventores estejam dentro das universidades federais. É importante que o MEC se posicione e acate a vontade da comunidade universitária que é pela destituição”.
Os integrantes da mesa ainda reforçaram a necessidade de, além da destituição de Bulhões e de outros reitores interventores, extinguir a lista tríplice, herança do período ditatorial no Brasil, e garantir paridade nas universidades federais do país.