De acordo com as reportagens do Estadão e da Folha de S. Paulo, nenhum dos religiosos têm cargos públicos mas têm autorização para negociar verbas diretamente com o ministro por um “pedido especial” do presidente, num verdadeiro gabinete paralelo da Educação
A bancada do PSOL na Câmara protocola hoje representação no Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) contra o presidente Bolsonaro, o ministro pastor Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Segundo reportagens veiculadas pelos jornais Estadão e Folha de S. Paulo, os dois religiosos têm, “ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia”.
Em sua matéria desta terça (22.03), a Folha traz uma gravação do ministro Milton Ribeiro, também pastor, afirmando que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores – que não têm cargo e atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC (Ministério da Educação). Milton Ribeiro diz que isso atende a um “pedido especial” do presidente Jair Bolsonaro.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma o ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos. Os recursos são geridos pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão do MEC controlado por políticos do centrão.
“Depois do gabinete paralelo da Saúde, formado por charlatões, temos o gabinete paralelo da Educação, formado por pastores. Os lobistas de Deus são privilegiados com recursos a mando do presidente. Numa república séria, Milton Ribeiro já teria caído e Bolsonaro estaria na berlinda. Queremos investigação já sobre esse esquema que envolve dinheiro público, afetando diretamente a distribuição dos recursos do FNDE. É preciso apurar esses indícios de crimes de responsabilidade e improbidade administrativa”, apontou a deputada Fernanda Melchionna.