Parlamentares também enviaram ofício para Arthur Lira, enfatizando a gravidade do caso e pedindo posicionamento do presidente da Casa
“No contexto de ascensão da extrema-direita, a situação em que se encontra o país é de enorme gravidade e demonstra uma escalada de violência que coloca em risco a própria democracia brasileira. A tentativa de intimidação dos parlamentares da bancada negra demonstra que as instituições precisam reagir com vigor contra a violência política e racial”, destaca um dos trechos do documento.
No último dia 6, as vereadoras negras de Porto Alegre Laura Sito (PT), Daiana Santos (PCdoB) e Karen Santos (PSOL) foram ameaçadas de morte. Na mensagem de email, uma pessoa que se identifica como moradora do Rio de Janeiro diz que irá até à capital gaúcha para executar os parlamentares negros.
O e-mail diz ainda que a Câmara de Vereadores da capital gaúcha é um espaço destinado a “homens brancos de bem”. O texto também tem ofensas LGBTfóbicas.
Diante da ameaça, parlamentares da bancada negra, formada pelas três vereadoras e por Bruna Rodrigues (PCdoB) e Matheus Gomes (PSOL), registraram um boletim de ocorrência (BO) e fizeram um protesto na “Esquina Democrática”, ponto tradicional de manifestações sociais na cidade.
Para a líder do PSOL na Câmara, deputada Talíria Petrone (RJ), ações urgentes são necessárias para deter a naturalização da violência política, sobretudo contra mulheres negras: “Essas ameaças, que têm se tornado uma constante no país, se configuram como um problema de Estado, uma vez que parlamentares correm o risco de não poderem exercer seus mandatos para os quais foram eleitos democraticamente. Além de uma grave ameaça à vida, isso é um ataque frontal à democracia. Esperamos que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, determine rigorosa investigação. Precisamos de uma resposta firme sobre mais essa violência contra os nossos”.
A deputada federal Fernanda Melchiona (PSOL-RS) também se manifestou sobre o caso: “Os vereadores da bancada negra de Porto Alegre vêm sofrendo ataques racistas sistemáticos, seja por ameaças diretas ou por tentativas de cercear a liberdade de expressão deles. Recentemente, a Câmara Municipal chegou ao absurdo de aprovar um projeto de lei prevendo a punição dos parlamentares que não se levantassem durante a execução do hino do Rio Grande do Sul. O PSOL entende que há uma perseguição organizada contra os parlamentares e exigimos que o poder público tome providências imediatas para protegê-los. Exercer cargo eleito sendo negro, mulher ou LGBTI+ no Brasil é algo de alto risco, como provam os casos da nossa companheira Marielle, brutalmente assassinada, e das parlamentares trans ameaças em todo país. Não vamos aceitar calados”.