A vida é feita de ciclos. Hoje encerra um para mim. Nos últimos 8 meses fui líder da combativa bancada do PSOL 50, que a partir de hoje será muito bem comandada pela companheira Sâmia Bomfim. Como sabem, estou pré-candidata a prefeita de Porto Alegre e vou me dedicar nos próximos meses a construir nosso programa para apresentar uma nova esquerda na cidade, ao mandato de deputada federal, claro, e seguir lutando contra o governo Bolsonaro. Liderar uma bancada tão plural e combativa foi uma aprendizagem. Foram muitas experiências de vida e de luta nas fileiras do nosso jovem partido e que enriqueceram o debate e a intervenção política.
Tenho certeza que lutamos pelo bom, pelo justo e pelo necessário (parafraseando Olga Benário). Um momento tão grave e tão triste, com mais de 110 mil vidas perdidas, não por acidente, mas como parte de uma política criminosa do melhor amigo do vírus no Brasil, Jair Messias Bolsonaro, não pode nos paralisar. A responsabilidade histórica tem que nos dar as forças necessárias para enfrentar a quadrilha Bolsonaro, o vírus e defender os interesses do povo. Fizemos uma luta política permanente sobre a necessidade de tirar Bolsonaro para defender direitos e as medidas sanitárias. Unidade de ação com todos para defender liberdades democráticas, frente única para defender interesses da classe e independência política para postular uma nova direção, como é o PSOL. Somos reconhecidos como o principal partido da esquerda contra Bolsonaro, lutamos pelo impeachment ao mesmo tempo que defendemos o povo com a conquista do auxilio emergencial e com o duplo benefício às mulheres, conquistado pelo PSOL. Defendemos o SUS, que salva inclusive quem não o defende, ao passo que conquistamos direitos aos profissionais da saúde (vetado pelo desumano Bolsonaro), fizemos a mobilização com os artistas pela Lei Aldir Blanc (que tenho orgulho de ser coautora), derrotamos o governo aprovando o FUNDEB junto com a mobilização dos professores. Não titubeamos ao defender a luta antifascista e antirracista do 7 de junho, assim como na aposta da greve histórica dos trabalhadores de aplicativos. Estamos agora apoiando a Greve dos Correios, assim como a luta contra a privatização da Caixa e ao mesmo tempo lutando contra o golpe na Bolívia e contra a extrema-direita de Trump nos EUA. E a luta pelo impeachment de Bolsonaro segue, com as mais de um milhão de assinaturas que já coletamos. Porque tudo afinal está conectado! Porque estamos naquelas encruzilhadas da história. Uma pandemia que potencializa a crise aguda do capitalismo e tira a vida do nosso povo. Um momento de interregno, onde o velho não morreu e o novo ainda não nasceu (como diria Gramsci) e os elementos mórbidos botam sua cabeça para fora, como Bolsonaro.
Estou cada vez mais convicta da necessidade histórica de colocar a extrema-direita na lata do lixo da história. Infelizmente, não tão rapidamente como eu gostaria, pois essa luta é feita de avanços e recuos. Vitórias e derrotas. Creio que mostramos que é possível fazer unidade de ação com todos sem capitular ao regime político, mantendo a independência do PSOL. O momento nos exige seriedade, sem sectarismos e hegemonismos, enfrentar o protofascista, mas postular uma alternativa real, anti-sistema para construir uma saída para a crise. Propostas não nos faltam. A eleição de 2020 é parta da luta contra a extrema-direita e de afirmar que no poder local se pode fazer diferente, apostando no povo e na suas lutas. E em uma nova esquerda, que não repita os erros do passado e escreva um novo caminho ao lado do povo. Tenho fé na humanidade, na luta de classes como motor da história, na capacidade de resistência dos trabalhadores e da juventude. Na força das mulheres. E isto seguirá me movendo. Em tempos tão duros penso que cabe a nós não só não esmorecer mas seguir com coragem e abnegação, lutando para que essa longa noite acabe. Agradeço a todos os militantes do PSOL a confiança e a cada colega de bancada (David Michael Miranda, Edmilson Rodrigues, Áurea Carolina, Talíria Petrone, Marcelo Freixo, Glauber Braga, Ivan Valente e Luiza Erundina) este trabalho coletivo. Venceremos barbárie, a morte, a desumanidade! Como diria Trotsky “a vida é bela. Que as gerações futuras a livrem de todo mal e opressão”.