A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, ao lado de parlamentares do PT e do PCdoB, enviou um ofício ao presidente do Conselho de Ética, o deputado Juscelino Filho (DEM-MA), para solicitar que o relator do pedido de cassação do mandato parlamentar de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, seja trocado pela suspeição do atual responsável por dar o parecer do conselho sobre a possível cassação do filho 02 de Bolsonaro.
O deputado Igor Timo (Podemos-MG) gravou um vídeo com Jair Bolsonaro agradecendo o presidente por ter repassado verbas para seu estado. A operação faz parte da compra de parlamentares do “Centrão” para impedir que o processo de impeachment e outras ações contra membros do “núcleo duro” do governo avancem no Congresso Nacional.
O texto redigido pela oposição diz que a postura de Timo “compromete a credibilidade do presente Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, tornando o seu parecer preliminar acerca do caso tratado em tela com conteúdo previsível e potencialmente viciado, visto a proximidade que o mesmo adquiriu perante o genitor do deputado federal representado”.
O pedido de cassação está parado no conselho desde 2019. “Eduardo Bolsonaro ameaçou o povo brasileiro com o ato mais violento e sombrio da ditadura: o AI-5. A publicação de vídeos elogiosos e que mostram proximidade política e pessoal demonstram que não há a imparcialidade necessária ao relator Igor”, afirmou a líder da bancada do PSOL, Fernanda Melchionna.
Em conversa com a jornalista Leda Nagle, em outubro de 2019, Eduardo Bolsonaro disse que, se o Brasil tivesse protestos como os que ocorriam na época no Chile, chegaria um momento igual ao do final dos anos 1960, quando houve sequestros de aviões e autoridades durante a ditadura militar.
“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou o filho 02 à época, fazendo referência ao ato institucional que determinou o fechamento do Congresso e a suspensão da garantia de habeas corpus no país.