Decisão de PT encerra a Unidade: “o passado serve para refletir não para repetir”

Mesmo que eu esteja extremamente concentrada no fundamental combate ao governo Bolsonaro e a tragédia da pandemia, não posso deixar de comentar que infelizmente, a votação e a indicação do Partido dos Trabalhadores do nome do vice-prefeito à composição da chapa a concorrer ao Paço Municipal, pelo bloco PCdoB e PT, encerra qualquer possibilidade de […]

9 maio 2020, 16:27 Tempo de leitura: 3 minutos, 58 segundos
Decisão de PT encerra a Unidade: “o passado serve para refletir não para repetir”

Fonte:

Mesmo que eu esteja extremamente concentrada no fundamental combate ao governo Bolsonaro e a tragédia da pandemia, não posso deixar de comentar que infelizmente, a votação e a indicação do Partido dos Trabalhadores do nome do vice-prefeito à composição da chapa a concorrer ao Paço Municipal, pelo bloco PCdoB e PT, encerra qualquer possibilidade de uma unidade tão necessária para enfrentar a agenda ultraliberal em Porto Alegre unificando os campos distintos da esquerda que fazem oposição ao governo Bolsonaro, Leite e Marchezan.

Confira nossa entrevista na Rádio Guaíba:

PT encerra possibilidade de unidade nas eleições de POA

“O passado serve para refletir, não para repetir”. Confira a entrevista da deputada federal e pré-candidata à Prefeitura de Porto Alegre na Rádio Guaíba sobre decisão do PT de indicar o nome do vice-prefeito para aliança PCdoB/PT, encerrando possibilidade de unidade entre os dois campos da esquerda para eleições da Prefeitura de 2020.

Posted by Fernanda Melchionna on Monday, May 11, 2020

Nós do PSOL propomos um método novo de debate democrático pela base na construção do programa e da chapa a partir de democracia direta em um processo chamado de prévias e utilizado em muitas experiências internacionais. Defendemos esse método desde maio de 2019 e não obtivemos resposta. Tentamos ainda, no espírito de composição, a unificação das esquerdas com uma composição que pudesse expressar as esquerdas distintas dentro da mesma chapa de forma a unir setores que estão separados desde 2003.

Lamentamos, mesmo enfrentando uma pandemia gravíssima como a covid-19 e o obscurantismo de Bolsonaro cotidianamente – o que na nossa concepção deveria fortalecer o debate da unidade ainda mais e em uma situação que sequer as eleições estão mantidas, que os companheiros tenham definido impor a sua chapa Prato Feito, invertendo apenas a ordem da nominata. Não é novidade que PT e PCdoB são parte de um mesmo campo, que esteve junto ao longo dos anos de governos petistas, enquanto PSOL, PCB, UP e PSTU e outros movimentos de esquerda estavam na oposição de esquerda a esses governos. 

Embora, tenhamos diferenças profundas inclusive expressas na recente votação do PL 39/2020, em que o PT no Senado votou pelo congelamento dos salários dos servidores por 2 anos, e no debate envolvendo a necessidade de impedimento de Bolsonaro, não temos dúvida de que a situação política nos exige unidade não na fraseologia, mas na realidade. Entretanto, unidade não é adesismo. Unidade é composição de campos distintos. Infelizmente, os companheiros encerram esta possibilidade que seria tão necessária para enfrentar Marchezan e a direita no processo eleitoral.

Nós, do PSOL, não temos dúvida de que Porto Alegre precisa de um governo plebeu, que corte privilégios do andar de cima, para garantir direitos a ampla maioria do povo. Precisa revogar os projetos anti-povo, aprovados por Marchezan, precisa apoiar os municipários e garantir os empregos dos trabalhadores do IMESF, ampliar a democracia real e investir na educação, na cultura e resgatar o que há de melhor na combatividade do nosso povo.

Como disse Mário de Andrade “o passado é lição para refletir, não para repetir”. O PSOL não aceitará a imposição do velho formato leve-nos ao mesmo cenário de 2016 quando a esquerda não foi para o segundo turno, ou de 2018, quando Bolsonaro venceu a eleição em um misto de fake news com a rejeição do projeto petista. Sabemos que teremos pouco de TV, mas confiamos na capacidade das vozes democráticas em perceber que o povo quer novidade na eleição. Buscaremos reagrupar as forças sociais e políticas com esse espírito: de uma esquerda anti-regime com capacidade de mostrar um caminho alternativo e que busque, já na chapa, nomes da sociedade que ampliem e fortaleçam uma novidade nesse processo eleitoral. Por isso, apesar da divisão decidida pelo PT, somos confiantes de que iremos ao segundo turno. Estamos confiantes de que teremos surpresas nesta eleição e que o povo de Porto Alegre vai identificar a necessidade de uma virada radical, ou seja, vai querer ir à raiz dos problemas e nos dar a chance histórica de governar Porto Alegre.

Mas antes disso, sabemos que o desafio zero é combater o covid-19. O PSOL seguirá jogado na luta pelo Impeachment de Bolsonaro, que é uma medida sanitária emergencial nesses tempos, na luta em defesa da renda emergencial permanente, da ampliação do SUS, da adoção das filas únicas para leitos emergenciais e dos direitos dos trabalhadores da saúde.

Fernanda Melchionna, deputada federal e pré-candidata pelo PSOL