Deputados também protocolaram requerimento de convocação do novo ministro da Saúde
A Bancada do PSOL na Câmara acaba de comunicar à OMS e à ONU sobre a demissão do Ministro da Saúde, denunciando que a descontinuidade de gestão em plena pandemia é mais um esforço de Bolsonaro de contrariar as medidas indicadas por autoridades sanitárias nacionais e internacionais no combate e prevenção ao novo coronavírus.
Na carta, enviada ao Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom, e ao Relator Especial da ONU sobre Direito à Saúde, Dainius Purasas, deputadas e deputados do PSOL afirmam que esta é mais uma “mensagem clara de que o presidente não pretende atuar de acordo com as determinações da OMS nem aprender com outras experiências internacionais”. No texto, a bancada reitera o pedido feito em 16 de março à ONU e à OMS para que cobrem explicações do Brasil sobre as ações de Bolsonaro contra a prevenção e combate ao novo coronavírus e que demandem que o governo brasileiro atue em conformidade com as determinações da OMS e as obrigações internacionais às quais o Brasil está submetido.
De acordo com a deputada Fernanda Melchionna líder do PSOL, Bolsonaro ameaça não só a vida de milhões de brasileiros e brasileiras, mas todo o esforço internacional de controlar a atual pandemia: “Nesta representação chamamos a atenção para a demissão do então ministro da Saúde como uma demonstração de como o presidente Bolsonaro ataca aqueles que seguem as medidas sanitárias recomendadas pela OMS. Estamos diante de um governo criminoso que se opõe permanentemente às medidas necessárias e urgentes e opta por um comportamento anticientífico”, declara.
A bancada também protocolou requerimento para o comparecimento do recém nomeado ministro da Saúde, Nelson Teich, para prestar esclarecimentos sobre o seu plano de trabalho frente ao Ministério. No texto, os deputados alertam que em entrevista coletiva no dia de hoje (16/04), Bolsonaro confessou que, em conversa com o novo ministro, as medidas de isolamento social devem ser flexibilizadas. Teich, na mesma oportunidade, indicou que atenderá a orientação de Bolsonaro. Para os deputados, a sociedade brasileira precisa, com urgência, ter clareza sobre a política de gestão que será adotada pelo Ministério da Saúde.
Os deputados revelam no documento a preocupação com as ações do presidente Bolsonaro: “Diante da gravidade do tema, o presidente Jair Bolsonaro se isola como um dos últimos líderes negacionistas do mundo, ao lado dos ditadores de Belarus e Turcomenistão. Por diversas vezes, Jair Bolsonaro confrontou e menosprezou as orientações das autoridades sanitárias nacionais e internacionais, que iam no sentido de promover medidas de contenção, distanciamento social, restrição da circulação de pessoas e isolamento. Como é nítido, sem amparo em medidas científicas e contrariando autoridades sanitárias nacionais e internacionais, na linha do Presidente, uma possível gestão frente ao Ministério da Saúde que desrespeite as orientações das autoridades sanitárias pode levar a uma tragédia sem precedentes no nosso país”, diz um dos trechos.