Reunião entre sociedades acadêmicas e científicas e presidente da Câmara Rodrigo Maia foi promovida pela deputada Fernanda Melchionna na tarde desta quinta-feira (29)
Diante do apagão que se avista no fomento à pesquisa e à ciência no país, devido ao corte de 42% no orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia promovido pelo governo Bolsonaro no início do ano, a Deputada Federal Fernanda Melchionna, do PSOL-RS, solicitou uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para expor as consequências da grave situação do estrangulamento orçamentário na área. De acordo com a deputada, o recente comunicado do CNPQ de que não haverá mais recursos para pagamento das bolsas atualmente em curso, afetando em torno de 80 mil bolsas, coloca em xeque a continuidade da Ciência e a vida de milhões de pesquisadores brasileiros.
Na terça-feira (27) foi anunciado que o pagamento da folha de agosto ocorrerá somente por volta do quinto dia útil do mês de setembro. A falta de recursos já culminou no cancelamento do apoio financeiro a cerca de 300 eventos científicos e de inovação e na suspensão de novas indicações de bolsas e financiamento de pesquisa.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, se comprometeu a articular uma solução até a próxima sexta-feira (29).
No mesmo encontro, foi entregue a Maia mais de 900 mil assinaturas contrárias à suspensão das bolsas de pesquisa por entidades e pesquisadores que realizam mobilização permanente contra a destruição da Ciência. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) já havia alertado que a falta de recursos para o pagamento das bolsas colocaria milhares de estudantes de pós-graduação e de iniciação científica, no país e no exterior, em situação crítica para sua manutenção e para o prosseguimento de seus estudos, além de suspender as bolsas de pesquisadores altamente qualificados em todas as áreas do conhecimento.
Maia disse que pode tentar que projetos, que serão analisados em breve pelos deputados, possam alocar mais 46 bilhões por ano e resolver todo o orçamento contingenciado de 2019.
“É muito importante frear esse desmonte da Ciência e Tecnologia para impedir a escalada de um governo autoritário que mira esforços em desestruturar também a produção artística, a Educação, a imprensa e o pensamento livre. Os impactos destes cortes na Ciência, em específico, são extremamente cruéis nas vidas de milhares de estudantes brasileiros e atrasa a produção de pesquisas, o que gera um prejuízo econômico enorme. Sabemos que a cada 1% investido em ciência, o retorno é de 9% na valorização do PIB. É disso que Bolsonaro está abrindo mão”, disse a deputada.
Foto: Gabriel Galli