A segunda quinzena de maio será um momento decisivo de uma longa luta no Brasil contra o autoritarismo e ultraliberalismo do governo Bolsonaro. O recente anúncio de 30% corte de verba de custeio do conjunto das Universidades Públicas e Institutos Federais, além da retirada de bolsas de doutorado e mestrado acenderam um sinal de alerta.
Já com o orçamento estrangulado desde a implementação da EC 95, as instituições de ensino correm risco de fechar em setembro diante da impossibilidade de arcar com responsabilidades básicas como água, luz e quitações dos salários dos servidores terceirizados das áreas de limpeza e segurança.
Na verdade, além de uma agenda ultraliberal de desmantelamento das áreas sociais e da educação, de rebaixamento de salários e de direitos e da possibilidade de desmonte da Previdência Social com a PEC 006, trata-se também de mais batalha ideológica para o governo Bolsonaro.
Desde o início do governo, o MEC esteve nas mãos de discípulos de Olavo de Carvalho, que tem como eixo o ataque aos que os próprios chamam de “marxismo cultural”.
Se Vélez Rodrigues aliava sua luta ideológica com uma inabilidade sem tamanho que acabou custando seu cargo de ministro, Weintraub mantém a mesma ideologia e acelera os ataques econômicos e de narrativa contra a educação brasileira. Ao anunciar os cortes de 30% para UNB, UFBA e UFF, o primeiro argumento era a “balbúrdia”. Como o anúncio pegou muito mal, além de ser claramente ilegal, o MEC estendeu os cortes ao conjunto das Universidades e Institutos Federais. O novo argumento seria o de prioridade a educação básica.
Entretanto, na mesma semana novo anúncio “contingenciamento de recursos também da educação básica”. O último ataque foi às bolsas de mestrado e doutorado. Um verdadeiro malabarismo para explicar o inexplicável.
Um episódio simbólico foi o uso de chocolates para explicar a lógica do ministro, que acabou virando piada. Agora, a tática é tentar adequar a matemática à fala desastrosa de Weintraub. A disputa de narrativa também tem se dado nas redes sociais, onde a máxima das fakenews de bolsonaristas fervorosos eram associar a Universidade a pelados e coisas do tipo. Também não colou! Estudo do pesquisador Fabio Malini, mostrou uma ampla movimentação do twitter favorável às universidades, com quase 90% das interações, e apenas 8,3% de engajamento com as narrativas bolsonaristas.
Está claro que há um apoio social importante nesta luta. Nosso desafio é construir uma ampla unidade de ação entre todos os segmentos da comunidade acadêmica e social. O movimento estudantil já deu sinais na semana passada de que a greve nacional da educação pode e deve ser muito forte em 15 de maio. A passeata do Pedro II no Rio de Janeiro, a maior manifestação da UFF desde o Fora Collor, a mobilização da UFBA na Bahia, a recepção com vaias a Bolsonaro em Curitiba, as centenas de assembleias gerais são sinais de que os estudantes estão se preparando. O 15 de maio será um ponto importante na curva não só pela defesa da educação, mas para mostrar ao país os riscos da agenda ultraliberal como a Reforma da Previdência.
Uma batalha importante em uma guerra de longo curso. Mas vencê-la pode ser a chave para alterar a correlação de forças e acelerar o fim da experiência do povo com Bolsonaro. Agora é hora de agitar em todos os locais de ensino, unir estudantes, técnicos, professores, reitores, ex-alunos, cientistas, pais, comunidade em geral. Abraçar as nossas universidades e institutos federais. Defender com unhas e dentes nossos patrimônios. Levantar livros contra a tirania e a irracionalidade. Esta luta também é a defesa do conhecimento contra o obscurantismo, afinal, qualquer projeto autoritário para assentar-se precisa tentar liquidar o pensamento crítico! Mal sabem eles a força que tem o movimento estudantil quando se levanta.
Dia 15 de maio é dia de estar nas ruas apoiando as ações estudantis. Desses jovens que são o presente, pode surgir um novo futuro mais rápido do que se imagina.