#AgoraÉQueSãoElas
#EleNão é o recado que as mulheres estão ecoando nas redes e nas ruas. A hashtag – que ganhou o Trendtopics do Twitter nos últimos dias – é a demonstração de que para além da latência de que mulheres que defendem os direitos da mulheres devem ocupar os espaços de poder, está nas nossas mãos a possibilidade de derrotar o machismo e o fascismo que botam sua cabeça para fora no Brasil.
Não é novidade que uma nova onda de luta feminista vem se expressando nas ruas do mundo e do nosso país nos últimos anos. Das marchas de milhares contra Eduardo Cunha à luta virtual contra o assédio e a cultura do estupro, as mulheres retornam à cena pública como novo sujeito político e social – cada vez mais conscientes de que podem transformar o curso da nossa História. Essas mobilizações têm desnudado a desigualdade de gênero, a diferença salarial, a violência doméstica e familiar, a cultura do estupro, a urgência de discutir o aborto como questão de saúde pública e toda forma de discriminação que ainda sofremos nessa sociedade machista e patricarcal. Levando em consideração a questão de classe, raça e sexualidade, as opressões são ainda mais potencializadas e a desigualdade ainda muito maior. Para nós, isso não é nenhuma descoberta. Sentimos na pela há anos as consequências do machismo. Mas o avanço coletivo foi o reencontro das ruas como espaço de luta em defesa das mulheres. A consigna #MexeuComUmaMexeuComTodas se fortalece.
Assim como toda ação tem uma reação, o projeto protofascista coloca a cabeça pra fora, fazendo com que o machismo e o heteropatriarcado encontrem nele sua representação política neste processo eleitoral. O candidato que diz que somos uma “fraquejada”, que merecemos ser estupradas e que temos que ganhar menos que os homens, encontrou apoio nos egos feridos de muitos homens que se acostumaram a atacar suas esposas, que acreditam que as namoradas são suas propriedades, que não aceitam o feminismo e o empoderamento das mulheres.
Evidentemente, nem todos seus eleitores são assim. Nesta confusão política do Brasil em que prima o cetismo e a desesperança, um setor desesperado se agarra ao autoritarismo acreditando que está votando contra o sistema político. Mal sabem eles que o fascismo é a parte mais degenerada do capitalismo e nasce dele mesmo. Ao estudarmos a História, sabemos que estes fenômenos se processam quando os regimes políticos são desnudados aos olhos do povo como falsas democracias capturadas pelo poder econômico e a corrupção. Este é o triste fim da nossa velha Nova República. Tudo isso mostra que é urgente construir uma nova institucionalidade, na qual a maioria controle a política e economia.
Entretanto, a expressão difusa de um processo eleitoral marcado pela crise econômica e crise de representatividade não pode nos confundir. Os motores que movem a candidatura de Bolsonaro são os que querem nos manter nas casas, que querem silenciar os LGBTs, que querem manter os negros silenciados em meio ao racismo da sociedade, que querem liquidar inclusive fisicamente quem luta por direitos trabalhistas e sociais.
O momento é grave, os riscos são enormes. É verdade que estamos lutando para termos feministas no Congresso. Estou candidata à Deputada Federal por acreditar que precisamos sim ocupar a política, termos mulheres nos espaços de poder para lutar em defesa da maioria da sociedade e contra as castas políticas. Mas também é verdade que nossas candidaturas têm que ter lado.
Não é hora de silêncio! É hora de se posicionar. Todas as pesquisas confirmam: a pedra do sapato de Bolsonaro são as mulheres. Façamos a pedra de se transformar numa montanha. Cerrar fileiras. Por isso mais do que o voto no 5050 em 7 de outubro, tenho estado nas ruas pedindo a unidade entre nós para derrotar o fascismo! Juntas podemos colocá-los de novo no lixo da História de onde nunca deveriam ter saído. #MulheresContraBolsonaro! Todas às ruas em 29 de setembro!
Estamos convencidas de que a nossa primavera pode garantir mais uma vez na História que “as flores vencerão os canhões”!
Fernanda Melchionna é candidata a deputada Federal pelo PSOL, está no seu terceiro mandato como vereadora de Porto Alegre e foi a parlamentar mais votada na última eleição da cidade.