Denúncias apresentadas pelo Conselho Regional de Enfermagem de Porto Alegre, como falta de quadro de pessoal, sobrecarga de trabalho e falta de infraestrutura básica no HPS trouxeram à tona a situação de desmonte desse hospital que é referência no estado na prestação de atendimento universal em urgência e emergência na capital, Região Metropolitana e interior do RS. Os relatos que alertam para o risco do HPS fechar as portas foram expostos durante a Audiência Pública na Câmara de Vereadores de Porto Alegre na noite da última quinta-feira (23).
“O caso do HPS é gravíssimo e representa um risco à vida da população de Porto Alegre. Os servidores estão aqui hoje reivindicando infraestrutura para trabalhar e a resposta da Prefeitura é sempre a mesma de dizer que não há recursos públicos, que a Prefeitura está quebrada, quando na verdade o gasto com pessoal ainda não chegou no seu limite prudencial, como aponta o próprio TCE/RS. É mais fácil dizer que não tem dinheiro para a saúde pública e seguir repassando dinheiro público para parcerias público-privadas, gastando com terceirização, publicidade e com CCs. Temos a convicção de que negligenciar a saúde pública na capital é uma escolha política da gestão Marchezan”, alarmou a vereadora Fernanda Melchionna.
O representante do Conselho Regional de Enfermagem do RS, o enfermeiro João Carlos da Silva, contou que foram realizadas ações fiscalizatórias, conjuntas com outras entidades, no HPS e diversas denúncias foram oficiadas aos gestores municipais e órgãos responsáveis.
Hoje há um déficit de pessoal de 104 enfermeiros e 128 técnicos de enfermagem e uma previsão de aposentadoria 63 profissionais de enfermagem para 2019. “A qualidade de atendimento em saúde depende de recursos materiais e humanos. Hoje temos prejuízo da assistência prestada à população por conta desse falta de quadro de pessoal e de infraestrutura. Não temos local apropriado, por exemplo para isolamento de enfermos”, disse.
João comentou que também há um elevado índice de horas extras sendo realizada pelos profissionais da saúde, que hoje são submetidos a uma jornada de trabalho exaustiva. “90% dos profissionais tem mais de 50 anos de idade e não existe nenhum programa de remanejo para repor esse quadro de funcionários”, finalizou.
“Cadeiras de roda são artigos de luxo e vimos muitas vezes pacientes dormindo no chão. Não tem maca, ventiladores. Não tem assistente social, médicos. Há noites que não tem oftalmologista, cardiologista. Todas as categorias estão sofrendo com isso, mas a Enfermagem tomou frente a essa situação dramática, pois somos nós que prescrevemos todos os atendimentos”, apontou a Presidente da Associação dos Servidores do HPS, Isabel Santanna, ao denunciar o sucateamento do HPS. Além disso, Isabel disse que há previsão de 63 aposentadorias para 2019. “Caso esses profissionais não forem repostos, o HPS corre o risco de fechar”, disse.
Diversos servidores também apontaram a importância do HPS para o tratamento de trauma no Estado. No Brasil, o trauma é a primeira causa de morte e por isso é fundamental o papel do Hospital que é referência no Estado na área. O HPS tem 74 anos, faz cerca de 300 mil atendimentos e 5 mil internações ao ano. Os profissionais também denunciaram que a coleta do banco de sangue do Hospital foi recentemente fechada.
“Quanto vale uma vida? Todos esses serviços já são pagos pelos cidadãos e devem ser garantidos pela Prefeitura. Nós, dessa forma, achamos inadmissível a Prefeitura gastar gasta 5 milhões em publicidade e dizer que não tem dinheiro para a saúde pública. Acreditamos que deixar fechar o HPS é uma negligência criminosa por parte do nosso gestor”, disse Isabel.
A vereadora Fernanda lamentou que o secretário da saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, também presente na Audiência, tenha apontado que “não há soluções mágicas” para reparar a situação caótica que hoje vive o Hospital Pronto Socorro e reafirmou a necessidade de que haja uma investigação sobre os gastos das verbas públicas dentro do HPS.
“Quanto vale uma vida? Todos esses serviços já são pagos pelos cidadãos e devem ser garantidos pela Prefeitura. Nós, dessa forma, achamos inadmissível a Prefeitura gastar gasta 5 milhões em publicidade e dizer que não tem dinheiro para a saúde pública”, finalizou a Presidente da Associação dos Servidores do HPS.