Desde o início desta semana o Grupo de Apoio à Prevenção da Aids do Rio Grande do Sul (Gapa/RS), que funciona há 28 anos em Porto Alegre, está com seus serviços paralisados, após ter sua sede fechada por falta de condições estruturais. Esse quadro calamitoso é o retrato de como a epidemia da AIDS é abordada pela gestão do Estado do RS e do município de Porto Alegre: sem a mínima prioridade! Triste realidade de uma das ONGs pioneiras no combate à AIDS no RS e protagonista na resposta brasileira à epidemia.
O boletim Epidemiológico 2016 aponta Porto Alegre e o RS com as maiores taxas de incidências de HIV/AIDS no Brasil. A capital gaúcha apresentou taxa de 74 casos/100 mil hab, em 2015 – o dobro da taxa do RS e quase quatro vezes a taxa do Brasil. Essa característica não está desconectada da desestruturação que as ONGs e os movimentos sociais têm vivido na última década. A outrora resoluta resposta brasileira à epidemia de AIDS, em que parcerias intersetoriais com participação efetiva da sociedade civil davam uma resposta concreta à epidemia com base em ações de prevenção, foi abandonada pelos governos e por órgãos internacionais de fomento.
Sem repasses da Secretaria Estadual da Saúde (SES) para custeio do aluguel, desde 2008, o GAPA sofre com uma ação de despejo em um contexto muito instável, com muitas promessas e nenhuma solução por parte da Gestão Municipal e do Estado do RS.
Para reverter estatísticas tão negativas e preocupantes da epidemia de AIDS e fortalecer práticas de cuidado menos estigmatizantes, a Gestão Municipal e Estadual têm o dever de fomentar entidades como o GAPA. Essas são protagonistas na prevenção da transmissão do HIV, tendo como público alvo as pessoas mais pobres e vulneráveis, que, em geral, são as mais afetadas pelo desmonte das políticas públicas. O GAPA, além de acolher as necessidades de pessoas que vivem com HIV/AIDS e seus familiares, desempenha uma função estratégica na implementação de diversas diretrizes das políticas públicas de enfrentamento à AIDS e por isso não pode acabar.