Escolas sem bibliotecários: sintoma de um desmonte generalizado

Por Fernanda MelchionnaBibliotecária e vereadora do PSOL de Porto Alegre, mais votada da última legislatura  A falta de bibliotecários nas escolas gaúchas, noticiada recentemente no Jornal do Comércio de Porto Alegre, é um sintoma da falta de prioridade e seriedade com que Sartori tem tratado um dos campos mais importantes de atuação do Estado: a […]

15 ago 2018, 14:18 Tempo de leitura: 2 minutos, 0 segundos
Escolas sem bibliotecários: sintoma de um desmonte generalizado

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Por Fernanda Melchionna
Bibliotecária e vereadora do PSOL de Porto Alegre, mais votada da última legislatura 

A falta de bibliotecários nas escolas gaúchas, noticiada recentemente no Jornal do Comércio de Porto Alegre, é um sintoma da falta de prioridade e seriedade com que Sartori tem tratado um dos campos mais importantes de atuação do Estado: a educação.

A Lei Federal 12.244/10 estabelece que até 2020 todas as instituições de ensino públicas e privadas deverão contar com bibliotecas e bibliotecários. Há menos de dois anos para o fim do prazo, apenas 20 profissionais estão nas mais de 2,5 mil escolas estaduais gaúchas. Quem toma conta das estruturas atualmente são professores das próprias escolas, o que sobrecarrega ainda mais o corpo docente que já tem seus direitos diariamente atacados.

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As bibliotecas não podem ser vistas apenas como depósitos de professores sem condições de estar em sala de aula. Isso não é respeitoso com o docente e muito menos com os estudantes. É função do profissional de biblioteconomia desenvolver e curar um acervo que se conecte com as demandas da comunidade. É papel do profissional também providenciar subsídios para a formação do senso crítico dos alunos e iniciar os estudantes nas práticas de pesquisa que os farão obter conhecimentos de forma mais qualificada e independente.

O movimento de abandono das bibliotecas escolares acontece conectado a uma lógica neoliberal de desmonte do Estado. Não nos surpreende que cada vez mais conglomerados estrangeiros de ensino tomem conta do setor da educação básica. Depois de avançar agressivamente sobre o ensino superior, a iniciativa privada necessita de uma educação básica sucateada para aumentar seus negócios. A questão que fica é: a quem o Estado deve servir? Nós acreditamos que ele deva priorizar os interesses da população sempre.

Como bibliotecária de formação, não posso deixar de manifestar minha indignação com a prática mesquinha de governos como o de Sartori, no Estado, Marchezan, na prefeitura de Porto Alegre, e diversos outros políticos na nossa região. Ao mesmo tempo em que oferecem estruturas precárias aos estudantes, se empenham em desvalorizar os educadores. A cada vaga vazia de um bibliotecário na escola, milhares de crianças deixam de ter acesso ao futuro digno que é seu por direito.