Ato em defesa do Posto da Bom Jesus público e 100% SUS

Usuários e servidores do SUS denunciaram em ato nesta terça-feira (10) que a prefeitura de Porto Alegre está em negociação com hospitais privados para que assumam o controle do Pronto Atendimento Bom Jesus. A vereadora Fernanda Melchionna do PSOL acompanhou a manifestação que aconteceu na frente da unidade de saúde organizada pelo Sindicato dos Municipários […]

11 jul 2018, 12:51 Tempo de leitura: 3 minutos, 7 segundos
Ato em defesa do Posto da Bom Jesus público e 100% SUS

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Usuários e servidores do SUS denunciaram em ato nesta terça-feira (10) que a prefeitura de Porto Alegre está em negociação com hospitais privados para que assumam o controle do Pronto Atendimento Bom Jesus. A vereadora Fernanda Melchionna do PSOL acompanhou a manifestação que aconteceu na frente da unidade de saúde organizada pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa).

De acordo com o servidor público e membro do coletivo Podemos Mais de municipários Everaldo Nunes há um temor por parte dos trabalhadores de que sejam retirados de suas funções no posto caso as negociações se concretizem. “Não basta os projetos de lei contra os servidores, agora vemos o desmonte da saúde de Porto Alegre. As informações que nós temos dão conta de que a Santa Casa teria interesse em assumir o controle do posto”, afirma. Nunes explica que a saúde pública está caótica, que faltam servidores e os tempos de espera estão cada vez maiores por causa disso.

Para o enfermeiro e presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS), Daniel Souza, é necessário defender a permanência de um serviço público de saúde forte e a terceirização não é a melhor solução. “O SUS só vai avançar com o investimento público, principalmente na atenção primária. Hoje vemos a precariedade dos serviços de responsabilidade da prefeitura de Porto Alegre em atendimentos que muitas vezes não são oferecidos nem pela iniciativa privada, como é o caso dos oferecidos pelo Hospital de Pronto Socorro (HPS) e do Hospital Presidente Vargas (HPV)”, constata. De acordo com Souza, não é a primeira vez que se debate a intenção da Santa Casa de Misericórdia em assumir a administração do posto.

“Na semana passada aconteceu uma visita de representantes da Santa Casa de Misericórdia. A instituição precisa da filantropia para continuar recebendo recursos e nós estamos sabendo que a prefeitura quer entregar este serviço a eles”, diz a representante dos usuários do Conselho Distrital de Saúde Leste Maria Inês Flores.

Maria Inês conta que o Pronto Atendimento Bom Jesus foi inaugurado em 1995 como resultado de uma luta da comunidade para enfrentar o fato de que à época não existia nenhum serviço de emergência e urgência. Quando as pessoas precisavam de atendimento do tipo, tinham que se deslocar até o HPS ou ao Hospital Conceição. Segundo ela, além de atender os moradores da região, o posto também recebe pacientes de cidades próximas, como Viamão, Alvorada e Cachoeirinha. “A partir desta gestão, o posto está cada vez mais sucateado”, conclui.

Para a vereadora Fernanda Melchionna, o processo faz parte de uma lógica de desmonte do serviço público que tira impostos do bolso dos trabalhadores e drena para o dos mais ricos “Infelizmente nós estamos lutando contra gestores que têm políticas antipovo. Recentemente foi aprovado na Câmara de Vereadores, com nosso voto contrário, um projeto que aumenta os gastos com privatizações. Passa de R$50 milhões por ano para R$ 250 milhões”, critica. Fernanda também reconheceu a importância dos trabalhadores da área da saúde. “Eu sei que vocês sofrem muito ao ver as pessoas esperando atendimento por horas e com tantas demandas que não podem ser atendidas”, diz.

O Conselho Municipal de Saúde marcou um novo ato popular em defesa do SUS para o dia 16 de julho em frente ao CTG Raízes do Sul, que fica na Rua São Domingos, no bairro Bom Jesus.