Amanhã vai ser maior! Em defesa da educação pública, 15 de maio nas ruas!

Diante disso, como diziam os jovens que ocuparam as ruas no emblemático junho de 2013: amanhã vai ser maior. Se até ontem as assembleias estudantis e de professores lotaram os corredores e os espaços públicos das instituições públicas e ganharam amplo apoio social, nesta quarta-feira a resposta coletiva da sociedade ao governo federal diante dos ataques à educação pública será, de norte a sul do país, nas ruas. É momento de unidade de ação para defender o papel social das universidades e dos institutos federais. Faremos um grande levante de livros contra a tirania e a irracionalidade.

17 maio 2019, 16:13 Tempo de leitura: 2 minutos, 54 segundos
Amanhã vai ser maior! Em defesa da educação pública, 15 de maio nas ruas!

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Não é somente sobre o contingenciamento de mais de 7,4 bilhões de reais da verba prevista para a Educação Brasileira, promovido pelo governo Bolsonaro, que estudantes, professores, técnicos e o conjunto da categoria que luta em defesa da Educação Pública sairão às ruas amanhã (15 de maio). É por conta da perseguição aos educadores, dos ataques à filosofia e à sociologia, da batalha contra o pensamento crítico e o conhecimento científico.

Em nome de uma cruzada ideológica, alinhada a uma agenda ultraliberal de desmantelamento das áreas sociais, o governo federal iniciou ao longo desses quatro meses de gestão uma guerra contra a educação pública brasileira. A perseguição a Paulo Freire, um dos maiores educadores do mundo, é o símbolo do atraso desse governo obscurantista e, ao mesmo tempo, uma tentativa de cercear a construção de uma educação libertadora. Afinal, qualquer projeto autoritário para assentar-se precisa tentar liquidar o pensamento crítico.

O que eles não imaginavam é que a resistência e a resposta por parte da comunidade acadêmica e da sociedade seria maior. Afinal, o Murilo, filho de pais deficientes visuais e o primeiro da família a entrar no ensino superior, e a Suzi, que saiu do sertão da Bahia e hoje faz doutorado em Sorbonne, na França, sabem que se não fosse a universidade pública, essa realidade não seria possível. São histórias reais como essas, recebidas por mim pelas redes sociais, que o ministro da educação de Bolsonaro, Abraham Weintraub, desconhece quando passa a faca no orçamento da educação – que pode acarretar o fechamento de muitos instituições a partir do segundo semestre.

Além disso, é importante lembrar ao Ministério da Educação (MEC) que 90% da produção do conhecimento e da pesquisa no Brasil vem das instituições públicas. O relatório Research in Brazil sobre o desempenho da pesquisa brasileira, mostrou que, de 2011 a 2016, o Brasil publicou mais de 250 mil artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo a 13ª posição na produção científica global dentre mais de 190 países.

Os dados fecham com a imensidão de relatos que estudantes e pesquisadores têm apresentado à sociedade nos últimos dias como contraposição à afirmação do MEC de que só se faz “balbúrdia” dentro das universidades brasileiras. São pesquisas desenvolvidas nas mais vastas áreas do conhecimento, como agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria e odontologia, que foram determinantes para o desenvolvimento social e econômico do país, incluindo estudos desde o vírus da Zika, da febre amarela, da dengue até a proposição de alternativas energéticas e desenvolvimento de novas tecnologias.

Diante disso, como diziam os jovens que ocuparam as ruas no emblemático junho de 2013: amanhã vai ser maior. Se até ontem as assembleias estudantis e de professores lotaram os corredores e os espaços públicos das instituições públicas e ganharam amplo apoio social, nesta quarta-feira a resposta coletiva da sociedade ao governo federal diante dos ataques à educação pública será, de norte a sul do país, nas ruas. É momento de unidade de ação para defender o papel social das universidades e dos institutos federais. Faremos um grande levante de livros contra a tirania e a irracionalidade.

Artigo originalmente publicado no SUL 21